A hora do chá determina o tempo das conversas trocadas no decorrer do dia. Também é memória para uma aventura fora do tempo, das inúmeras narrativas contadas pela voz de meu pai, a “Alice no país das maravilhas” é recriada pela imaginação do homem que se aperfeiçoou em desatar os nós do meu cabelo, entretanto também viveu seu tempo de narrador. Minha avó paterna costumava dizer: senta aqui, vamos tomar um chá! Atualmente eu que faço nosso chá, os 98 anos começam a fazer a diferença. As lembranças começaram a ficar confusas, o tempo deixou de fazer sentido, a noite virou dia, o dia virou noite... A lembrança do café passado, servido em uma xícara semelhante me invade! Minha mãe passava seu café, o cheiro invadia a casa e nossas conversas eram aquecidas pelo aroma do café... O café da tarde na casa de minha avó materna, ela habitualmente reunia em sua sala as colegas da Igreja para rezar o terço no final da tarde, em algum dia da semana, que não lembro qual... A xícara que me transporta a lugares imagináveis e inenarráveis quando preciso voltar ao tempo das conversas com minha mãe, já não a ouço mais nesse tempo, mas nesse outro que invento, neste tudo é possível! A xícara faz parte de minhas memórias afetivas, e é também objeto artístico na pesquisa realizada na Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAVI/UFPEL) pela linha Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano.
Descrição da Imagem
Conjunto composto por uma Xícara de porcelana colorida sobre 1 (um) Pires de porcelana colorido. Ambos os objetos possuem um fundo branco com detalhes floridos nas cores rosa, roxo, amarelo e verde e possuem 1 (um) detalhe amarelo nas suas respectivas bordas.
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