Narrativa
Em Pátzcuaro, uma pequena cidade, com cerca de oitenta mil habitantes, no estado de Michoacán, no sudoeste do México, as tradições coloniais e indígenas se entrelaçam, e, em particular, a festa dos mortos, que ocorre em 1 e 2 de novembro de cada ano, é um grande evento local. Mesmo em outros dias o turismo é significativo e existem inúmeras lojas de artesanato, com produtos de uma beleza e variedade impressionantes, sendo que entre diversos objetos encantadores as máscaras me despertaram grande interesse. E dentre tantas, duas vieram em minhas malas quando regressei ao Brasil – um casal de caveiras. Esses amantes, talhados em madeira leve, em tamanho natural e com acabamento em laca, parecem lembrar que a universal e inevitável morte deve ser percebida para se valorizar a vida, e que enquanto estamos vivos, sermos capazes de encontrar alguém com quem valha a pena viver, é uma forma de milagre, algo que pode vencer o tempo e não ser esquecido. Em uma parede, entre outras máscaras, os seus olhos vazados parecem espiar o que, nós que ainda estarmos aqui, fazemos com essa oportunidade.