A gente tá sempre perseguindo alguma coisa né. Alguma sensação primordial que a gente busca alcançar na nossa arte, alguma memória remota. -E se tem uma sensação que consigo me lembrar é a de uma caixinha de música. Eu a tenho desde pequena. Acho que é isso aí. É esse encanto, esse sonho e essa memória que eu venho tentando fazer surgir. O pequeno amor de um bibelô. A suspensão do pulo da bailarina, os espelhos que mesclam com o mundo. Não tão real, ou talvez mais real e mais cotidiano, mas que seja tão delicada e forte quanto essas canções nostálgicas de ninar que a gente lembra pra sempre, mesmo que não ouça, sussurra baixinho. É que tá dentro da gente, em algum lugar, junto da primeira vez que a gente ralou o joelho, ou o primeiro amor, ou o primeiro pesadelo. Coisas que se alojam ali onde a gente não vê. Somos pra sempre aquilo que vemos quando fechamos os olhos pra dormir.
Descrição da Imagem
Caixa de música. Possui uma casal de bailarinos em miniatura no centro e 3 espelhos em volta.