Narrativa
BIEKA, COMPARTILHADORA DA MINHA HISTÓRIA. Como todos jovens, também quis ter meus momentos registrados pelas lentes de uma câmera fotográfica. Ficava encantado com as propagandas dessas máquinas divulgando os recentes modelos e novos recursos que ofereciam como aproximação, tonalidades de iluminação, tempo de exposição, flash e outros mais. As mais em evidência eram as alemãs Agfa, as japonesas Pentax e as norte americanas Kodak. Mas, quando via seus valores, batia uma grande tristeza, sempre estavam acima de minhas posses, até que em 1958 vi na vitrine de uma loja de artigos fotográficos uma simpática máquina de nome BIEKA, fabricada no Brasil, por um preço accessível para minhas condições e com garantia de boa qualidade, conforte dizia o vendedor. Com a máquina adquiri um rolo de filme 120 para possíveis oito fotos em preto e branco, que o próprio vendedor colocou e deu as instruções de uso, dizendo que haviam rolos para 12 e até 24 fotos que por um pequeno visor lateral podia acompanhar os números das fotos batidas, quando não apareciam números era o momento de retirar o filme e levá-lo a loja para ser revelado. Como experiência, e disponibilidade, fiquei com a de apenas oito poses, que nem lembro o que fotografei. Como a imagem diz mais que mil palavras, as fotos que conseguia obter passaram a registrar, espaçadamente, minha caminhada. BIEKA foi a companheira na minha fase de adolescência, juventude e adulta registrando em preto e branco os momentos importantes de minha vida, meus amigos, namorada, noiva, esposa e filhas. Tive outra câmera para filmes de fotos coloridas (os primeiros de péssima qualidade) e filmadoras, incômodas pelo tamanho, mas excelentes por captar sons e imagens com movimento. Quando comprei a BIEKA, nunca imaginava que a tecnologia fosse avançar como aconteceu e nem onde ela poderá chegar. O telefone, que era um simples aparelho ligado a tomada, por um fio, para falar e ouvir, passou a ser desligado das tomadas e agregar outras funções como a de fotografar em alta definição, ocupando o lugar das máquinas fotográficas. Entretanto, a BIEKA, após mais de sessenta anos, continua fazendo parte das minhas gratas lembranças, está num espaço especial na minha estante de recordações.