Narrativa
EU NÃO GANHEI UM PORQUINHO... Eu sou órfã, perdi minha Mãe quando tinha 2 anos e meu Pai quando tinha 13 anos de idade. Nós éramos em 4 (quatro) irmãos: Euclides, Eliza, Nelson e eu. Meu irmão mais velho o “Cride” como nós o chamávamos e a minha irmã Eliza, ajudaram meu pai nos cuidados comigo, diante da realidade que a vida nos ofereceu. Meu irmão mais velho trabalhava no Banco quando meu Paizão morreu. Ele sempre foi muito carinhoso, muito meu amigo e sempre buscou tornar nossa vida agradável por não sermos mais a família completa. Comprava presentes de Aniversário, Natal e sempre estava presente nas nossas necessidades. Eu li todos os livros de história das Princesas e outros mais porque ele comprava e eram lindos, tive belas bonecas, levando em conta como eram naquela época, ele me incentivou a estudar e ser uma pessoa do bem. No ano que meu Pai faleceu o meu presente de Natal veio em duplicidade, um brinquedo e um cofrinho para me alegrar e que foi um aprendizado para a vida. Não era um porquinho, mas era um “cofrinho” com chave e caderneta. Foi a primeira “poupança” da minha vida à moda antiga, podia guardar moedas e dinheiro A chavinha cuidei muito, mas quando cresci, perdi infelizmente Como você pode observar, é uma “MINIATURA DO COFRE DO BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO”, o Banco que ele trabalhava, quem conheceu o Banco vai lembrar. Ele disse que foram poucos a serem oferecidos aos funcionários e ele mereceu um e pensou em mim. Eu recordo que todas moedinhas ou um dinheirinho que ganhava, eu colocava dentro dele, as moedas numa abertura que tem em cima e o dinheiro eu precisava enrolar e colocar no buraquinho que tem na lateral. Eu me divertia e quando achava que já tinha uma quantia razoável pedia para ele levar e guardar no Banco e anotar na caderneta para eu ver o quanto já tinha. Eu abria e fechava o cofrinho toda hora e todo dia. Era meu. Eu sempre tive uma Poupança, foi um aprendizado que ele me deixou com sua Sabedoria de Irmão mais velho e que fez toda diferença na minha vida de órfã, hoje bem realizada. Pode ser que esse COFRE e essa CADERNETA, sejam banais para alguém estando guardada visivelmente na minha estante de livros, mas o IMPORTANTE é que fazem parte da história da minha Infância, e representam muito para mim. EU NÃO GANHEI E NEM QUEBREI UM PORQUINHO, EU TRANQUEI, ABRI E FECHEI QUANTAS VEZES QUIS, O MEU PEQUENO COFRINHO, QUE ERA UMA “CÓPIA MINIATURA” DO COFRE DO BANCO MERCANTIL!