A exposição “Possíveis Realidades: Entre Objetos & Histórias no Mercado das Pulgas” foi uma realização do Museu das Coisas Banais em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas (Secult) e o Mercado das Pulgas de Pelotas. Nesta exposição, que aconteceu entre os dias 18 a 20 de agosto de 2017 durante as atividades comemorativas do Dia do Patrimônio, foi explorada a relação dos feirantes do Mercado das Pulgas com seus objetos pessoais. Para isso, cada um dos feirantes foi convidado a escolher um de seus objetos de valor afetivo e a relatar a história do mesmo, demonstrando o motivo pelo qual o objeto foi escolhido. Os objetos selecionados, emprestados pelos feirantes, foram expostos na galeria da Secult. Um dos objetos expostos foi a Bicicleta Guericke, emprestada pelo  Seu Braulino. 

Cada objeto era acompanhado de uma etiqueta, onde os visitantes poderiam ler as narrativas contadas pelos feirantes. Porém, seria injusto deixar estes objetos tão especiais calados nos cantos. Eles também queriam falar! Assim, com caráter lúdico, além da apresentação dos objetos com suas histórias relatadas pelos seus donos, no verso das etiquetas havia uma ligação com a literatura e a fantasia ao colocar os objetos “falando”, dando a sua versão dos fatos. Assim, o público era convidado a entrar no mundo da criação de histórias e ir além: refletir não apenas sobre o papel dos objetos nas nossas vidas, mas também sobre o nosso papel na vida dos objetos. Veja as duas versões da história da Bicicleta Guericke, uma contada pelo seu dono e outra “contada” pela própria bicicleta:

Para a exposição também foi criada uma obra artística intitulada Painel das Coisas Banais, inspirada nas dinâmicas de funcionamento do Mercado das Pulgas. O painel faz referência aos tapetes da feira, tecidos estendidos em mesas, ou mesmo no chão, repletos de objetos que nos transportam para outros tempos e outras e possíveis realidades. O painel é uma estrutura de madeira forrada com tecido azul na qual vários objetos cotidianos foram fixados por meio da colagem e da costura. Este painel foi idealizado  como dispositivo para estimular a memória do público, provocando reflexões acerca da relação dos sujeitos com os objetos e suscitando possíveis narrativas, possíveis realidades. O Painel foi utilizado como atrativo visual, mas cada objeto contido nele se converteu em um instrumento mediador carregando o sujeito para as suas próprias vivências, para seus próprios objetos. Durante a exposição, a expressão “Eu tive um desses!” vinha acompanhada de lembranças e de histórias. Assim sendo, próximo ao Painel das Coisas Banais, havia outro painel, também revestido de tecido da mesma cor, mas vazio. Disponibilizamos papéis e canetas para que o público pudesse escrever pequenos textos e fixar no painel vazio  os seus relatos a respeito do que sentiam ou lembravam a partir da imersão no trabalho apresentado.

Durante toda a exposição, foi exibido um vídeo com relatos de expositores e visitantes do Mercado das Pulgas de Pelotas, pois a feira, muito mais que um local de comércio, passou a ser um local de lazer da população e, sobretudo, um ambiente de trocas simbólicas mediadas pelos objetos.

Por ser parte integrante das atividades comemorativas do Dia do Patrimônio, a exposição durou apenas um final de semana, porém nestes dias foi amplamente visitada e dela restaram produtos muito relevantes: as narrativas dos feirantes; os relatos dos visitantes; e, é claro, o Painel das Coisas Banais, que passou a ser utilizado em outras ações realizadas pelo Museu das Coisas Banais.