Narrativa
Meu avô deu esta câmera instamatic Kodak de presente para minha mãe, nos anos 80. Com o tempo, a câmera estragou e minha mãe, por sua vez, me deu de presente. Quando eu era bem pequena eu usava objetos alternativos para fazer as vezes de câmera, como um pacote de prendedores de roupas. Me lembro de fazer o movimento de enquadrar na foto um gato que aparecia no quintal da casa da minha vó em Guapé, no interior de Minas, onde morei durante grande parte da minha infância. Quando eu ganhei a câmera estragada - e sem filme fotográfico, claro, pois era caro - eu brincava horas que era fotógrafa, fazendo o movimento para disparar o “gatilho” que altera a posição do negativo e depois apertando o botão, que ainda hoje continua fazendo “click”. Herança que passou por três gerações, a câmera é importante pra mim, pois me faz lembrar de minha mãe e do meu avô Moacir, os dois são minhas pessoas preferidas da família. A câmera vintage representa a minha obsessão por capturar momentos, animais e objetos em fotografias, desde a tenra infância. É importante olhar para objetos antigos e resgatar vontades que sempre estiveram presentes. Não me tornei fotógrafa (ainda), mas o hábito de tirar fotos de absolutamente tudo continuou. Quando a resolução dos meus antigos celulares era terrível, eu sempre pedia o de alguém emprestado, e era uma festa. A nostalgia de lembrar dessa história me motiva a fazer um curso na área e aprimorar minhas técnicas. Talvez por coincidência, ou sintonia, esses dias encontrei o trecho de um poema que se mescla à minha história: [...] a câmera da joana abre aquela parte em que colocávamos o filme aquilo abre e não tem filme algum todos percebem [...] Letrux