Narrativa
É difícil precisar com exatidão a data do invenção da máquina de escrever, segundo estudiosos, se deu entre 1719 a 1800. Desde sempre a comunicação entre os homens é algo primordial, seja ela verbal ou não, através de linguagem corporal ou gestos, certo é que sempre tivemos a necessidade de nos comunicarmos. E através da comunicação formamos opinião, expressamos sentimentos, fazemos história. O artefato da foto chegou pra mim em meados de 1989, era uma criança ávida por leituras, gostava muito de escrever em caderninhos e diários, colecionar papeis de carta e até embalagens de doces diferentes, realizava colagens e desenhos destacando pensamentos do dia em meus cadernos. Meu pai, homem simples, com pouco estudo, porém sabido de que através dos estudos é que se pode mudar muitas coisas, sempre me incentivou a estudar, ele dizia "um dia você será professora!". Apesar de meus pais não terem tido as oportunidades de estudo que tive, as estantes sempre tinham livros, minha mãe sempre estava parcelando enciclopédias que eram vendidas de porta em porta pra garantir que fôssemos jovens pesquisadores. Daí então meu pai me presenteou com essa máquina, a 30 anos atrás, utilizei por muito tempo, escrevi cartas pra família toda, e para minhas amigas, era forte meio de comunicação, insistia pra minha mãe enviar algumas cartas pelo correio mesmo podendo entregá-las pessoalmente só pra eu e minhas amigas termos esse prazer de receber uma carta pelo correio...quando não tinha o que escrever, pegava livros de poemas para copiá-los na folha sulfite, me sentia tão importante! Fiz muitos trabalhos escolares nela, e me lembro de meu pai com sua xícara de café fumaçando de quente, encostado na parede entre o corredor e a sala me observando digitar. E meus irmãos em cima de mim curiosos por saber como usar a tal máquina, algumas vezes compartilhava a tarefa com minha irmã mais nova, eu digitava e ela empurrava a alavanca ao final da folha ou girava a pequena manivela (se posso chamar assim) pra subir a folha e continuar a escrita. Fui muitas vezes na avenida próxima de casa para colocar as cartas na caixa de correio, aquelas amarelas com emblema destacado em azul e branco que o carteiro passava pra recolher depois. Tenho ela comigo, já sem uso, pois foi substituída a tempos pelo computador, mas ela é como um amuleto pra mim e tenho tanto orgulho de tê-la, sou professora e sempre que falo sobre inventos e passagem de tempo faço questão de levá-la a escola para exposição junto com outros objetos que fazem parte da história da humanidade e da minha história pessoal. Ah, e meu pai tem orgulho de quando me vê utilizando o artefato para minhas aulas e de ver que ela se tornou parte da nossa história, a história da família Santos.