Narrativa
Ele não sai de casa... Quando eu tinha 10 anos, gostava e brincava na rua. Nosso vizinho tinha um Relógio que de hora em hora, um passarinho abria uma portinha e saia cantando assim: “cuco, cuco, cuco”, para muitos coisa banal... Eu era encantada com aquele “Relógio”, sempre que estava na rua, nosso vizinho Sr. Ciro chamava para eu ver o passarinho abrir a portinha, sair e cantar. Eu corria, sentava no sofá e esperava por aquela cantoria de segundos, era um momento mágico! O tempo passou, minha irmã casou com o filho desse vizinho, então a esposa dele Sra. Conceição, me contou que aquele relógio era muito antigo pois fora um dos seus presentes de casamento, vale registrar que eles já eram idosos. O Sr. Ciro e a Sra. Conceição, sei que completaram mais de 60 anos de casados, pois convivi muito com eles. Ele morreu primeiro e quando ela morreu, meu cunhado, único herdeiro da família, decidiu ao separar os bens, que a pessoa que mais curtia o “RELÓGIO CUCO” do seus Pais e que merecia ficar com ele era EU... Assim, hoje e já há algum tempo, melhor dizer alguns anos, aquele Relógio do passarinho que marcava as horas da minha infância tem um lugar especial na minha casa, marcando minha história. Hoje ele não sai mais da casinha para cantar a hora, não por respeito a Pandemia, mas porque já tem mais de 100 anos e precisa de cuidado e repouso, pois já cucou demais... Bom frisar, nunca foi BANAL para mim, mas para muitos passa batido em linguagem popular, mesmo sendo lindo: apreciem essa foto e observem a portinha...