Narrativa
A fotografia, embora seja originalmente artística - recorte de uma foto tirada por mim quando cursei a disciplina “Fotografia” durante minha
graduação em Artes - possui um teor memorial-afetivo considerável em minha vida. Ela representa um gnomo (por vezes, um duende) confeccionado em massa
de reina epóxi. A pequenina figura, ainda que possa ser assustadora ao apreciador, de chofre, carrega um teor de afabilidade marcante, se contemplada pelo
mesmo apreciador por tempo ampliado. A peça, podendo ser tanto elemento decorativo para públicos que buscam adornos, quanto de evocação mística para
públicos ritualistas, tem a funcionalidade de queimador para incensos, podendo ser utilizada por ambos os públicos em ambas as situações. O autor dessa
escultura foi meu único irmão, Rafael Antônio Lopes Moro, falecido em 2004: das várias esculturas que ele confeccionou, essa foi uma das únicas que me
restaram, recolhida à época de seu falecimento e guardada pela nossa mãe (também falecida), estando agora sob minha posse. Há pouco, chegou-me a
informação de que um outro “duende”, praticamente igual ao da fotografia e também confeccionado pelo meu irmão, está em posse de um amigo de juventude
dele. A importância que dou a esse pequeno “legado artístico” do Rafael se dá pelo fato de ele me ter sido grande fonte de inspiração e influência, tanto por eu
também ter seguido uma carreira minimamente artística (embora eu não tenha habilidade para esculturas, eu desenho, assim como ele também desenhava),
quanto por eu ter outros “gostos” similares aos dele, como estilos musicais (sobretudo o Rock, mais antigo, e similares), a simpatia pela Subcultura Gótica e
também pela Arte Tumular, sobre a qual pesquiso experimentalmente. Essa escultura me é uma lembrança matérica de todos esses fatos.