Narrativa
De certa maneira, os objetos que se vendem e compram em antiquários, assim como os livros dos sebos, recebem uma espécie de reencarnação. Algo que pelo passar do tempo e pelas mudanças da vida deixou de ter valor, importância ou sentido para alguém, de repente, na maioria das vezes, por obra do acaso ou do desejo, passa a significar algo para um novo alguém. Essa ovelha negra de metal, medindo cerca de trinta centímetros de comprimento por vinte de altura, oca, com uma portinha em um de seus lados que permite introduzir em seu interior uma pequena vela, se tornou um de meus objetos devocionais. Comprada em uma feirinha de antiguidades, em um shopping de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o objeto metálico na forma de um animal que simboliza a exceção, o desvio e a inconformidade, é capaz ainda de trazer luz dentro de si. É um luxo! Ao mesmo tempo, ontem foi indesejada e se tornou encantadora, hoje ainda é desgarrada, mas querida e luminosa!