Os pregos, hoje guardados em um pequeno pote de vidro, já estavam oxidados antes de serem protegidos do mundo. Comprei um saco de pregos em uma ferragem quando fui montar uma exposição. Alguns foram usados para pregar fotografias, outros foram colocados próximo ao chão, soltos em cima de um tijolo que pertencia a uma casa dos anos 40 e à brita que representava o novo revestimento do terreno que um dia abrigou uma pequena fábrica no bairro Floresta, em Porto Alegre, objeto da observação que veio a ser exposição. Os pregos nas paredes da galeria não aparentemente não sofreram com a ação o tempo, porém, os que estavam soltos, desempregados, oxidaram. Envelheceram. Enferrujaram. Hoje, os vendo na pequena redoma que os protege do esquecimento, do tempo, sou provocada a lembrar que a cada segundo em que pesquiso, atuo, produzo e oxido vagarosamente, construo, nas cidades, em outros corpos, possibilidades de empregar algo na memória.
Descrição de Imagem
Pote de vidro transparente com a tampa de metal branca contendo diversos pregos de ferro no seu interior.