Narrativa
Ver esta caixa é como ver a minha avó, o seu quarto, sua cômoda de madeira, e sobre ela, seu porta-joias. Essa caixa foi sempre misteriosa e nunca vi o que minha avó guardava nela. Mas me parecia um de seus espaços mais intimos. Lembro dos almoços no intervalo entre as aulas no antigo ILA da Floriano. Lembro do sol, da parreira na varanda, do cheiro do meu avô, dos cabelos da minha avó, e de seu crucifixo. Preservo comigo esta caixinha como quem guarda um tesouro, um dos últimos objetos que dividiram a intimidade com minha avó durante tantos anos.