Narrativa
Ganhei essa bike em 2001. Tinha 10 ou 11 anos e estava naquela transição de abandonar as bicicletas infantis e ter uma tão sonhada bicicleta grande. Desses quase vinte anos, foram muitas aventuras em cima dessa bicicleta, circulando por toda a cidade, dia e noite, sob sol e chuva. Sofri muitas quedas e dei muitas voltas inesquecíveis com ela, estando sozinho ou com a galera. Em 2009 fui embora e agora em 2020, onze anos depois, retornei à minha cidade e ela continua aqui em casa. Dentre diversos reparos, hoje em dia quem mais estava usando ela era o meu sobrinho, além de raramente ter sido usada pelo meu pai e pela minha irmã, mãe dele. Ele mandou soldar um retrovisor do lado direito, que eu adoro! Voltei a dar umas voltas com ela pelo meu bairro e pela cidade e assim tenho revisitado lugares geográficos, históricos e imaginários (e também turísticos), numa mistura maravilhosa de lembranças e realidades, na mesma cidade que já não é mais a mesma. Em minhas investigações artísticas e acadêmicas que tem a minha cidade como campo/laboratório, ela se tornou um instrumento de pesquisa, cheia de movimentos e afetos! O quadro de alumínio é tão resistente, que acredito que ela vai durar pra sempre! Andando nela agora sinto um mix de sensações, ao rever os lugares, refazer os percursos e, sobretudo, sentir o vento forte no meu rosto enquanto desço as ladeiras. São muitas temporalidades, muitas memórias e muitas histórias com essa bicicleta de alumínio.