Cinco horas da manhã e Seu Loló já estava à caminho do campo de Marte para mais um dia de trabalho. Farda impecável, cabelo curtinho, sorriso no rosto e um beijo quente na mamãe e nos oito filhos que ainda dormiam. Quando a rural apitava por volta das quatro da tarde, era eu que corria primeiro para abraça-lo. Um café com pão quentinho da padaria da esquina e um pouco de prosa para saber de cada um. Sentava à frente da máquina para costurar mochilas e bolsas de viagem que vendia para a Base Aérea e assim nos dar uma vida mais confortável. Naturalmente formava-se uma " cadeia produtiva "onde todos queriam ajudar. Um passava cola, o mais velho furava os ilhós, outro enfiava os cadarços e as pequenas juntavam os retalhos e faziam pequenos mandados até Dona Margarida chamar para o jantar. Encerrava a produção e íamos ver televisão dividida com os meninos da vizinhança até a hora de dormir. Hoje, mesmo enferrujada, ainda guarda as lembranças e, fechando os olhos, conseguimos ouvir o alegre barulho de nossa infância. Pertenceu ao Sr. Clóvis Andrade Souza
Descrição de Imagem
Máquina de costura, com caixa feita de metal na cor preta que está desgastada com ação do tempo. Possui uma manivela e a base de madeira.